Crítica: a segunda temporada de "Euphoria" atendeu às expectativas?
2022 começou e todo domingo a internet só comentava sobre duas coisas: a formação do paredão do Big Brother e o novo episódio de "Euphoria". A produção da HBO, que se tornou a série mais comentada da década no Twitter, lançou sua segunda temporada com um episódio por semana e deixou todos os fãs ansiosos pelo domingo e produzindo memes em todas as redes sociais. Hoje, com o fim da temporada (ou, como Zendaya falou, "o último dia de Euphoria por um tempo"), a gente te conta os pontos altos e baixos dessa temporada e o que queremos ver no futuro da série.
Este texto contém spoilers da segunda temporada de Euphoria. Leia por sua conta e risco.
O conceito de milhões
Um dos principais atrativos da primeira temporada de Euphoria foi o cuidado com o visual da série - e isso se manteve como característica principal da produção. A fotografia, o figurinho, a maquiagem, o jogo de luzes e câmeras, tudo, absolutamente tudo tem um significado e reflete como um personagem se sente naquele momento. Sem falar na trilha sonora que continua excepcional. Eu diria que, das séries que conheço, Euphoria é a que tem o maior cuidado e mais abusa do lúdico nesses aspectos.
Na segunda temporada os tons roxos e azuis deram lugar aos pretos e amarelos, as maquiagens lúdicas, coloridas e brilhosas deram lugar aos delineados afinados e abusados. As roupas leves e estampadas - e também coloridas - deram agora protagonismo aos tons mais sóbrios e (muitos) recortes. Inclusive, podemos dizer que a moda já aderiu aos recortes "euphóricos" e várias lojinhas no Instagram estão repletas de looks inspirados na segunda temporada da série. Eu já quero garantir o meu.
"Há quanto tempo você vem f*dendo Nate Jacobs?"
Acho que um dos principais pontos positivos da primeira temporada foi o quanto cada personagem foi bem explorada pelo roteiro. Mesmo que a narradora sempre tenha sido a Rue (Zendaya), a cada episódio conseguíamos ver um pouco mais de cada pessoa da série, o que tornava cada personagem complexo. Nessa segunda temporada, no entanto, não foi bem assim.
O roteiro dos oito episódios focou em basicamente três núcleos, deixando outros igualmente interessantes completamente abandonados. O primeiro foi composto pela recaída de Rue, seu romance conturbado com Jules (Hunter Schafer) e seu novo amigo Elliot (Dominic Fike). O segundo núcleo de foco foi o de Maddy (Alexa Demie), o término com o abusivo Nate (Jacob Elordi) e o consequente romance escondido e complicadíssimo dele com Cassie (Sydney Sweeney). E o terceiro núcleo - provavelmente o único que nos fez esboçar algum sorriso nessa temporada - trouxe Lexi (Maude Apatow) e Fezco (Angus Cloud) vivendo o começo de uma relação leve e curiosa.
Segundo muitas páginas de fofoca, o clima por trás das câmeras foi o responsável por esse desleixo com alguns personagens. O criador da série, Sam Levinson, aparentemente teve alguns desentendimentos com Barbie Ferreira (que interpreta a nossa amada Kat) e cortou algumas cenas com a atriz. Além disso, também se falou que às vezes Sam chegava no set e mudava tudo que estava no roteiro original. Artistas podem ser temperamentais, né? O fato é que esse foco nos três núcleos acabou deixando a segunda temporada bem mais arrastada que a primeira. Só nos resta esperar o que vem na terceira.
Esse quebra-cabeça tá muito confuso e quem começou vai ter que terminar
*simplesmente muitos spoilers a seguir*
Esse rumor, na verdade, pode justificar o tanto de ponto em aberto que Euphoria deixou nessa segunda temporada. Sinceramente, caberia um texto inteiro de crítica a esse aspecto. A sensação que dá é que eles saíram colocando várias ideias, problemas e empecilhos na história e depois acharam melhor simplesmente abandonar. Quem é o terceiro irmão Jacobs? Nem sequer uma menção. Por que a ex-patroa de Maddy estava filmando a jovem? Não fazemos ideia. O que aconteceu com o dinheiro que Rue devia à Laurie? E, mais ainda, a morfina não causou nenhuma dependência em Rue? Por que foi tão fácil Rue escapar de Laurie e não sofrer nenhuma consequência? Se vira aí. Gia sumiu? Nate virou bonzinho com a Jules do nada? Rue está sóbria de verdade?
Enfim, deu para perceber que os pontos em abertos continuaram aos montes, né? Foram tantas cenas facilmente descartáveis (como aquele 1 minuto de uma tela congelada ou os quase 4 minutos de Elliot dando um show particular) que poderiam ter ajudado a responder pelo menos algumas dessas várias questões. Bola fora, Sam Levinson.
A verdade é que a segunda temporada de Euphoria não atende às expectativas deixadas pela primeira. O roteiro, de fato, tem muitas falhas e não foi tão bem construído como na primeira. Sim, eu continuo apegada aos meus personagens favoritos (oi Maddy) e, de fato, conseguimos ver o crescimento de alguns. Porém, para a terceira temporada, Sam Levinson vai ter que se virar nos 30 para resolver algumas cagadas que fez por agora. No mais, já podemos deixar avisado que Zendaya e Sydney Sweeney devem, as duas, ganhar umas indicações ao Emmy e Globo de Ouro pelas atuações.
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