Resenha: Sem romantismos, "Carrie Soto está de volta" narra a incessante busca pelo primeiro lugar
Encerrando a quadrilogia da fama, “Carrie Soto está de volta” (Paralela, 2022), de Taylor Jenkins Reid, se une aos grandes “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, “Daisy Jones and the Six” e “Malibu Renasce” com um plot aparentemente simples, mas um desenvolvimento igualmente primoroso. Desta vez, Reid decide contar a história da arrogante tenista consagrada que aparece de relance no terceiro livro; dos seus dias de glória a sua queda, além de sua tão aguardada, porém temida, volta.
Quando Taylor nos apresenta sua personagem, ela já conquistou, aos quase 37 anos, todos os recordes para uma atleta da categoria. Entretanto, o seu posto de primeira do mundo está prestes a ser de uma outra tenista mais jovem que está dando o que falar. Aposentada há alguns anos, Carolina, ou Carrie, decide voltar às quadras com ajuda de seu pai, um ex-tenista argentino que a treinou durante boa parte da vida.
Com toques de inspiração na história das grandes estrelas do tênis, as irmãs Venus e Serena Williams, Carrie Soto tinha, desde a barriga da mãe, seu destino traçado pelo pai: tornar-se a maior tenista que o mundo já vira. O plano foi cumprido à risca não importasse os obstáculos do caminho, como a morte precoce da mãe, a falta de grana, o primeiro coração partido. Determinada, focada, extremamente rigorosa e perfeccionista, foi assim que ela cresceu e construiu sua personalidade. Mas também foi dessa forma que Carrie se tornou um alvo da mídia, estampando as capas de jornais e revistas muitas vezes não por tamanha habilidade e talento, mas por não sorrir e dizer obrigada quando esperavam que ela assim o fizesse.
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A partir daí, voltamos no tempo para os primeiros anos de Carrie, os primeiros treinos, torneios, derrotas e uma sucessão de vitórias até o corpo naturalmente indicar que chegara a hora de parar. Taylor não economiza nos detalhes e nos apresenta, sem qualquer romantismo, as dores e as delícias de chegar ao primeiro lugar, sobretudo, sendo uma mulher. Depois que toda a trajetória é contada, retornamos aos anos de 1990 para acompanhar — agora já a conhecendo melhor — seu retorno às quadras. Em meio aos novos treinos e torneiros, a trama ainda nos surpreende com uma reviravolta capaz de tirar o leitor do eixo e um final que faz jus à obra. E para quem gosta de easter eggs, a autora seguiu com as referências sutis a suas outras obras.
Em “Carrie Soto está de volta”, a autora apresenta mais uma protagonista longe de ser perfeita. Carrie não é a mocinha boa que está sendo injustiçada e que tão logo precisa ser salva. Também não é um símbolo de feminismo e sororidade. Mas é exatamente o oposto de tudo aquilo que a sociedade sempre espera que as mulheres sejam. Carrie fala alto, se perde, se encontra, e não tem medo de dizer que está orgulhosa de si mesma. E eu definitivamente adoro a Taylor por isso — e pelo fato dela me ter feito querer saber tudo sobre tênis depois de ter lido esse livro. Nota 5/5!
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