Playlist: 11 músicas feministas do K-pop
K-pop já é bom por si só. Agora imagina o K-pop com um pouco de militância e empoderamento feminino? Rola cantar crítica social e ainda fazer música dançante, sim! E o Telas por Elas prova isso com 11 músicas do gênero para enaltecer os momentos em que solistas e girl groups fugiram dos temas “típicos” do K-pop (amor, sexo e festa) para aclamar outras mulheres e o poder feminino. Nossa playlist no Spotify agrada fãs das antigas, com as lendárias Lee Hyori e BoA, e também abraça os grupos da última geração, como o (G)I-DLE. Clica no play!
Female President, de Girl’s Day
Park Geunhye, primeira presidente mulher da Coreia do Sul, terminou impichada em 2017 após quatro anos de mandato, mas pelo menos sua carreira política inspirou o hit Female President do Girl’s Day. “Uma mulher é presidente do nosso país agora, então qual é o problema? Por que as meninas não podem tomar a iniciativa? Por acaso seremos presas se chegarmos primeiro no cara?”
Girl’s Day sempre foi conhecido pelo conceito sexy, e a letra Female President deu um tom mais “girl power” ao grupo. A música também é responsável pelo 1st win do grupo, no programa Inkigayo.
Bad Girl, de Ladies’ Code
É difícil acreditar que Bad Girl é o debut do Ladies’ Code. O som estilo jazz deixa claro que o girl group queria logo de cara se destacar — algo que conseguiram com sucesso com o clipe colorido e, ao mesmo tempo, debochado.
Porém Bad Girl vai além do visual: a letra critica a forma inferior como mulheres são vistas por homens, com rótulos como “legal” e “fraca”, e denuncia que, caso meninas não encaixem nesse molde, estão fadadas a serem garotas más.
AHH OOP!, de MAMAMOO e eSNa
Vamos primeiro aos fatos: eSNa é responsável pela letra e melodia de AHH OOP! — quem é talentosa pode, né? A música brinca com a ideia de dar mais poder às mulheres na hora do flerte, e traz algumas verdades, como o incômodo que é quando o papo não rola com o crush porque o querido não tem assunto nenhum.
O clipe faz uma metáfora interessante com o cenário do salão de beleza: o cliente na cadeira é totalmente maleável (e manipulável) pelas cabeleireiras — que, no caso, são as garotas do MAMAMOO, claro.
Bad Girl, Good Girl, de miss A
Bad Girl, Good Girl foi o debut do miss A, na época em que o K-pop era mais simples, MVs não tinham mil cenários e pintar o cabelo colorido ainda era algo inovador. Vencedora dos prêmios de Música do Ano e Melhor Performance Feminina do MAMA de 2010, a canção busca mostrar as garotas do miss A por uma ótica “durona”, criticando os estereótipos de gênero e as expectativas que os homens impõem às mulheres.
“Quando eu danço, sou uma garota má. Quando amo, sou uma garota boa” — a letra retruca reclamações quanto a roupas e atitudes de meninas que podem desagradar garotos. E miss A deixa bem claro na música que tipo de homem buscam: alguém com confiança, que não imponha suas inseguranças, sufocando sua parceira.
Woman, de BoA
Woman consiste nos pensamentos de BoA sobre a feminilidade e o que, de fato, significa ser uma mulher para ela. Uma parte em especial da letra chama atenção: “Quando eles forçavam feminilidade em mim e eu nem sabia como era ser uma mulher (girls on top)”. Nesse momento BoA faz menção ao álbum Girls on Top (2005), lançado no seu começo de carreira aos 18 anos.
Algumas cenas do MV de BoA, como a cena clássica com roupas pretas, lembram Formation, da Beyoncé. É interessante ver a produção cultural de uma mulher preta inspirar uma artista asiática do outro lado do mundo e ajudar a gerar mais mensagens de empoderamento feminino.
Me, de CLC
A inteligência de Me começa já pelo título da música: “me” pode ser “eu” em inglês (uma reafirmação de autoestima) e também soa feito “mi”, leitura do ideograma chinês de beleza (美). E é exatamente isso que o CLC canta: se os seus padrões de beleza não me atendem, então eu vou criar o meu próprio e me guiar pela minha opinião.
O refrão de Me convida todas as pessoas a fazerem essa mudança de mentalidade. Pessoalmente, o mais impactante para mim é a cena do MV em que Seungyeon aparece atrás da famosa pintura Nascimento de Vênus, de Botticelli, com uma vestimenta tradicional coreana. Vale lembrar que Vênus é a deusa da beleza segundo a mitologia romana, e ela foi retratada como uma mulher branca no quadro. Pois é, esse padrão de beleza definitivamente não atende asiáticas.
Dream Girls, de I.O.I
Dream Girls é uma daquelas músicas de motivação para ouvir na hora da academia, porque quase parece um livro de autoajuda — mas ela é ótima, eu juro! A letra segue a veia sonhadora de seguir seus objetivos até alcançá-los e confiar em si mesmo, mas a música ganha novos significados quando consideramos que as garotas do I.O.I conquistaram seus postos no girl group a partir do looongo processo de seleção do reality Produce 101.
Bad Girls, de Lee Hyori
Impossível esperar menos de Lee Hyori do que um hino feminista. A artista, que está na indústria há tempo suficiente para ignorar as regras e fazer o que bem quiser com sua arte, não cansa de fazer críticas enquanto canta um pop dançante — como esquecer de Miss Korea, um dos mais belos lamentos à imposição de uma suposta beleza às mulheres?
Bad Girls parece aclamar as vilãs de filmes e, em contrapartida, criticar as heroínas. Isso facilmente cairia na mentira de idealizar uma feminilidade e um empoderamento feminino que, na verdade, não abraça todas as variedades de personalidades de mulheres. Mas é óbvio que Lee Hyori faz tudo e deixa bem claro o que ela deseja dessas tais “garotas más”: ambição, confiança, assumir suas qualidades e não se diminuir por medo de críticas.
Superwoman, de Minzy
Minzy pulou fora do 2NE1 quando viu que o comeback prometido no MAMA 2015 não ia para frente e foi parar em outra empresa de entretenimento para lançar seu primeiro trabalho solo fora da YG. A faixa-título do EP, Ni Na No, não é bem lá essas coisas, mas Superwoman é a hidden gem do Minzy Work 01: "Uno". A letra é bem honesta e evoca a “super-mulher” para dizer que, aconteça o que acontecer, Minzy vai seguir em frente, muito obrigada. E a mensagem de incentivo serve para todas nós: “Você pode quebrar e desmoronar, mas você é tão deslumbrante. Ame a si mesma, você é tão linda”.
LION, de (G)I-DLE
A música, escrita por Soyeon, surgiu após a rapper assistir ao live-action do Rei Leão. A proposta de LION é abordar a “rainha leoa” como majestade e selvagem, como uma forma de empoderamento feminino. O significado profundo da canção é intensificado pelo fato que, uma por uma, todas as integrantes do (G)I-DLE cantam o refrão: “Eu sou uma rainha feito um leão”.
Nobody's Perfect, de KittiB
Vencedora do segundo lugar do Unpretty Rapstar 2, KittiB destoa um pouco do restante da lista por ser uma rapper mais ligada ao K-HipHop do que ao K-pop. Entretanto, Nobody’s Perfect é A música feminista porque, mais do que enaltecer mulheres ou pregar independência, a faixa é um relato extremamente sincero de KittiB sobre como o machismo obriga meninas, desde jovens, a almejarem a beleza.
A partir desse ponto, a rapper destrincha aspectos da busca feminina pela excelência, como a corrida atrás do tempo, depilação e maquiagem: “Ela está saindo com aquele cara, ela está dormindo com aquele cara. Fofocas em todo lugar. O desgraçado segue em frente, mas eu, que sou mulher, tenho que aturar tudo isso”. Até que chega o refrão, e KittiB avisa para mulheres não se compararem e conclui que, como indica o título da música, ninguém é perfeito.
Confira nossa playlist "Hinos Feministas do K-pop":
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