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Foto do escritorVictoria Rohan

O velho feminismo de Coisa Mais Linda

A segunda temporada de “Coisa Mais Linda” estreou na Netflix - depois de incansáveis pedidos brasileiros no Twitter. Eu sei, Netflix, a gente é chato mas é só porque a gente te ama. E é claro que nós do Telas Por Elas não íamos ficar sem ver, né? Quer saber o que a gente gostou e não gostou? Senta aí que lá vem mais uma Crítica aqui no blog. *ATENÇÃO* Teremos alguns spoilers, então se você ainda não viu, está avisado!



Nosso velho companheiro: feminismo

O feminismo é um dos pilares da série. Começando já pela trama, que traz duas mulheres lutando para abrir e manter o próprio negócio (um clube noturno de música) em plenos anos 50/60. Desde a primeira temporada os discursos empoderados (e empoderadores!) viralizam nas redes sociais - e provavelmente são responsáveis por boa parte da audiência e sucesso da produção.


Eu gosto, acho legal o conceito (apesar de forçado em alguns momentos), mas admito que cansa um pouco. É como se os roteiristas tivessem que se esforçar para criar personagens desconstruídos, descolados e à frente do tempo. Às vezes é melhor um contexto implícito do que um diálogo clichê e batido só para lacrar e mostrar “olha como somos legais: somos mulheres feministas na década de 60”. De novo, é legal, mas cansa.



Mulheres complexas, por favor *alerta de spoiler*

Um ponto que gostei foi ver a complexidade das nossas protagonistas preferidas. Já no começo vemos Malu tendo que lidar com a falta de ânimo para lutar contra os padrões que lhe são impostos - o que é incomum para a personagem de Maria Casadevall. Achei interessante, até porque é mesmo cansativo ter que lutar pelo sua voz e seu lugar o tempo inteiro.


Toda a relação entre Thereza, Adélia, Nelson e Capitão se mostrou ainda mais complexa - e com razão. Agora que Conceição sabe a verdade sobre quem é seu pai, os casais entraram em um acordo de dividirem os cuidados. A leve rivalidade entre Thereza e Adélia cresce ao longo da temporada, mas podemos ver um esforço de ambas para evitar que tome proporções maiores. Foi bom poder ver novos lados das personagens - nem só de qualidades e desconstruções vivem uma pessoa.


Já diziam na internet: não se envolva com músicos! *alerta de spoiler*

Precisamos falar sobre Chico. O que aconteceu? Entendo, de fato ele já deixava transparecer que não era o melhor homem do mundo. É bonitão, músico, galã, bon vivant… Mas o Chico da primeira temporada voltaria depois de desaparecer, retomaria o relacionamento com Malu mesmo estando noivo de outra - que, por acaso, também está grávida dele - sem nunca mencionar isso? Até entendo a ideia de mostrar que nosso galã preferido não é tão perfeito como gostaríamos que fosse, mas, assim como em “Para Todos Os Garotos: PS. Ainda Amo Você”, achei a jogada mal feita, pouco convincente e decepcionante.


Chico e Malu perderam o protagonismo. Foto: Divulgação

Mais do mesmo?

De maneira geral, eu gostei da segunda temporada. Mas fiquei um decepcionada por ter tido a sensação de ser mais do mesmo. É como se os novos episódios tivessem servido apenas para continuar a história da primeira temporada. Sim, eu sei que é para isso que servem novas temporadas. Só que senti falta de novos acontecimentos e novos arcos para serem cumpridos. Malu continuou em um triângulo amoroso. Adélia seguiu numa relação com o Capitão mesmo sem querer e acabou correndo, mais uma vez, para os braços de Nelson. Thereza mudou de emprego, mas continuou com a mesma prepotência e os mesmos problemas. Mais do mesmo.


Vai parecer contraditório depois de criticar, mas acho que vale a pena ver. Em tempos difíceis, uma série leve e que não exige muito do nosso pensamento é sempre bem vinda. Não é nada muito inovador e que te deixa sem fôlego ao terminar, mas ajuda a distrair.


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Quer saber nossas impressões sobre diversas obras das mulheres na cultura? Cinema, música, literatura, teatro e muito mais. Tudo isso, semanalmente na categoria 'Crítica'.

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