Crítica: Me Sinto Bem Com Você e o amor de pandemia
A pandemia definitivamente balançou os relacionamentos, né? Se Zygmunt Bauman estivesse vivo provavelmente estaria surtando com o tanto de pesquisa que teria para fazer. Ou talvez isso fosse justamente o remédio para não surtar de quarentena. De qualquer forma, as relações em 2020 sofreram grandes impactos e tiveram de se adaptar aos novos tempos e meios pandêmicos. É isso que Me Sinto Bem Com Você, o novo filme nacional disponível no Prime Video, aborda.
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A história gira em torno de cinco relações - cada uma independente entre si. Um casal de ex-namorados que voltam a se falar na pandemia (Matheus Souza e Manu Gavassi), um casal de namorados em desgaste com o intenso convívio (Thati Lopes e Victor Lamoglia), dois jovens em um relacionamento de sexo casual tentando manter contato (Richard Abelha e Amanda Benevides), duas irmãs que tentam se reaproximar à distância (Thuany Parente e Isabella Moreira) e duas jovens que se envolveram pouco antes da pandemia e agora estão apaixonadas (Clarissa Müller e Gabz).
Seguindo o histórico recente do diretor Matheus Souza (sim, é o par romântico de Manu Gavassi) com Ana e Vitória (2018), o filme aborda as relações na era digital para a tela de uma forma curiosa e interessante. As trocas de mensagens na tela, o jogo de câmeras, a estratégia visual usada para mudar de imagens de webcam para o ambiente presencial. As sensações que o jogo de iluminação e cada cenário provocam são, definitivamente, pontos positivos para se ressaltar no filme. Na verdade, gostaria de poder parabenizar pessoalmente toda a equipe de direção de arte porque é incrível.
Me Sinto Bem Com Você trata de relações humanas e suas complexidades. O contexto pandêmico é só uma variante que, pelo menos para mim, ajudou a construir uma conexão maior com a produção. Afinal, estamos vivendo o mesmo que aqueles personagens, que com tantos arcos diferentes, conseguem se identificar com tantos espectadores. Obviamente, também, o filme foi idealizado e produzido em quarentena, com equipe e elenco reduzido e pouco contato físico presencial. Haja PCR!
Admito que no começo eu estava meio receosa com o filme e cheguei a comentar no grupo de amigas que era mais um Ana e Vitória. Porém, com o passar dos minutos me vi completamente envolvida com as histórias e as intimidades das relações. Isso porque me identifiquei com algumas situações (rs), mas também porque eu gosto de filmes que tratam as relações como elas são: reais, sinceras, com altos e baixos, sem conseguir escolher um lado. Sou romântica, gente, desculpa!
Esse definitivamente não é um filme para qualquer pessoa ver - eu mesma não indicaria para todos os meus amigos. Não por não ser bom, mas por ter um ritmo diferente do cinema hollywoodiano e netflixado ao qual estamos acostumados. Ele é o típico cinema nacional independente que trata de relações cotidianas e nos traz inúmeras reflexões - principalmente amorosas. Talvez eu tenha sentado para analisar todas as relações que construí na vida e chorado um pouco depois de ver o filme? Talvez. Valeu a pena? Sim. Vai valer a pena para você? Aí é você quem sabe.
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