Entrevista: o soul pop universal de Nathalia Bacci
Aos 27 anos, Nathalia Bacci tem muita história para contar, seja pela passagem por realities shows musicais da TV, ou pelas apresentações na noite com a banda Soul Funky, ou até pela primeira peça musical que participou aos seis anos de idade em sua cidade natal, Sorocaba, no interior de São Paulo.
Em 2021, ao longo de muitas reflexões provocadas pela pandemia, Nathalia decidiu investir na sua própria música, o que resultou em um projeto de quatro faixas, o EP "Tranquila'', que mescla canções autorais e de amigos.
Com sonoridade bem groovada e funky, a artista tem canções universais, que qualquer um pode se identificar. Por exemplo, seu mais recente single, a faixa “We Don’t Worry”, em parceria com o estadunidense Brandon Louis, traz uma vibe inspiradora ao falar para não darmos tanta ênfase nas coisas ruins. Apesar de ter sido escrita por Brandon e o diretor audiovisual Mess Santos em 2018, dialoga bastante com os tempos pandêmicos que vivemos.
Mas, ao longo do EP, ela também fala de amores diversos em “Diferente” - a minha preferida! - e da melancolia após uma separação amorosa em “Quando Cê Volta”. Sim, o primeiro EP da cantora paulista vai do amor ao desamor, da doçura à sofrência. Equilíbrio é tudo, né?
A artista ainda propõe reflexão na faixa-título “Tranquila”, que tem o videoclipe mais bem trabalhado do projeto. Nele, Nathalia aparece como uma marionete para questionar as imposições sonoras e estéticas do mercado da música, além de se livrar das amarras que lhe prendem. É possível fazer um paralelo com as nossas vidas: de quantas amarras não precisamos nos soltar no dia a dia?
Em entrevista exclusiva ao Telas Por Elas, Nathalia Bacci fala sobre relação com a música, passagem pelos realities “Jovens Talentos”, do Raul Gil, e “Fábrica de Estrelas”, do canal Multishow, referências musicais do cenário pop soul, o EP “Tranquila” e próximos planos.
Como surgiu o interesse pela música? Sua família sempre foi musical?
Desde os meus seis anos de idade, decidi que seria cantora. Fiz minha primeira peça musical na escola e ela tomou uma proporção grande nos teatros da cidade de Sorocaba, onde eu moro. Meus pais sempre me apoiaram. Meu avô toca piano, sempre me apoiou, me ensinou a tocar, a abrir voz. Sou muito apoiada aqui na minha família. E é desde nova que eu sei o que quero.
Quando foi que percebeu que poderia viver de música?
Quando eu fui para o Raul Gil com 15 anos de idade. Vi que daria para fazer show, ter minha carreira, lançar músicas. Que eu sabia compor. Percebi que poderia viver de música, era só trabalhar.
Como foram as experiências nos realities?
Foi muito bom, um aprendizado muito legal de palco, câmera, aprender a lidar com o público, a lidar com as pessoas que trabalham no meio. E é uma vitrine excelente para a gente se mostrar para as pessoas. Eu entrava na casa das pessoas todo sábado, toda semana eu estava lá, foi uma vitrine maravilhosa. E me inspirou a contar minha história nas letras das músicas também, como eu falo em “Tranquila”.
Sobre a sua sonoridade... Por que cantar soul pop?
É a minha verdade. Não tenho um porquê. É o que eu escuto todos os dias, é o que me move, é o que me faz acreditar na música dentro de mim. Quando vou dançar, eu boto soul, funk, músicas groovadas. Então, automaticamente, eu fui para o soul pop. É o que está dentro de mim.
Suas músicas têm muito instrumental, diferente da tendência do mercado atual. Como você enxerga essa parte sonora?
A gente decidiu fazer bem orgânico porque o que mais amo é estar no palco, é cantar, é a banda, é essa energia. Antigamente todos os cantores tocavam ao vivo, tocavam para valer. Então, eu sempre fui muito fascinada por isso. E os cantores que eu escuto são os de antigamente. Então, se eu escuto George Michael e Queen, eu quero soar como eles. Sempre fui fascinada pelo orgânico, pelo show em si, por que não fazer isso no estúdio também? E o meu produtor e guitarrista ama isso também.
Quais são suas referências?
Atualmente, Bruno Mars, amo a sonoridade dele. George Michael, Earth Wind & Fire, uma banda antiga que ainda está na ativa. São minhas influências principais, mas o álbum novo da Dua Lipa também veio muito perto da minha sonoridade. A admiro muito.
Com quem você gostaria de fazer um feat?
São duas pessoas: Marcelo D2 e Gloria Groove. Acho que a gente poderia fazer uma marionete juntas: eu em “Tranquila”, ela em “A Queda”. Junta as duas marionetes e faz uma música bombástica. Não vejo a hora.
Seu mais recente single, “We Don’t Worry”, traz uma mensagem importante, que dialoga com esse período de pandemia. O que você queria passar com a canção?
A gente fez essa música em 2018, antes da pandemia. O Mess Santos e o Brandon Louis se juntaram, fizeram a música e me ligaram: “Nath, você pode vir aqui, a gente tem um presente para você”. Aí, eu ouvi a música pela primeira vez e ela já estava quase 100% pronta. Foi um presente que ganhei antes da pandemia, mas que veio a calhar completamente pelo que a gente está passando.
Mas, no sentido da letra da música mesmo, é de você não se importar com o que as pessoas podem falar de você, ou com as coisas do passado que você viveu, que você não deve ligar, ou não deve se importar com coisas ruins. A gente deve se importar se a gente suou, batalhou, correu atrás. A gente vai alcançar. O universo não falha se você está correndo atrás. “We Don't Worry” porque as coisas vão acontecer, vão dar certo.
Já a faixa-título do EP “Tranquila” tem um tom questionador. A arte é uma forma de inquietar as pessoas?
Com certeza, sem a arte a gente perde até o poder. A arte instiga e faz as pessoas pensarem. Ela pode ser crítica e passar uma mensagem positiva. A arte move as pessoas e forma opiniões. Acredito muito nisso, ainda mais a música. O poder da arte é imenso.
“Tranquila” é um desabafo meu e de muitas pessoas que participaram de alguns realities e falam: “Meu Deus, essa música traduz o que eu sinto”. Porque a gente sofria tantas pressões e comparações que a única coisa que a gente queria era cantar, estar tranquila e viver a nossa arte. Externar e cantar atingiu várias pessoas que passaram e passam por isso. A arte, com certeza, instiga, move, atrai e junta muitas pessoas em uma mesma mensagem
Além disso, o EP também fala de amor. Por que?
Falar de amor é algo que todo mundo consegue falar em algum momento da vida. Para mim, escrever sobre amor flui muito fácil. Às vezes, a gente não quer ficar só criticando, só desabafando, só quer fazer uma música para as pessoas ouvirem e se sentirem bem. Então, vamos falar de amor. Todo mundo ama alguém ou alguma coisa e vai poder se identificar com a canção. Foi isso que eu quis trazer em “Diferente” e em “Quando Cê Volta” também. É aquela menina que foi deixada de lado, mas fala: “E aí, ainda quero ficar com você. então, me diz quando você volta para gente poder ficar junto”.
E em "Diferente" é sobre um relacionamento diferente. E pode ser em vários aspectos. O famoso “os opostos se atraem”. É frio, é quente, mas quando se junta, sai faísca, não dá para controlar. Falar de amor é muito bom, as pessoas mandam para quem amam… O amor conecta!
Quais são os planos para 2022? Tem planos para shows?
Tenho muitos planos. Para começar, quero fazer shows, poder tocar meu EP ao vivo, com a minha banda, com todo mundo no palco, sentir as pessoas ouvindo as minhas músicas, ver as pessoas ouvindo minhas músicas. Sempre gostei muito disso e não vejo a hora de acontecer. O mundo está se abrindo, as casas de show estão voltando. Logo vou ter várias datas para anunciar. Aí, vamos misturar covers e músicas do EP para fazer um showzão.
E para o ano que vem, a gente já entrou em estúdio, e começou a gravar músicas. Se tudo der certo, em janeiro, quero lançar o primeiro single e, em seguida, um álbum completo. Quero lançar mais músicas para poder ter um show só de músicas autorais da Nathalia, fazer um soul pop, um soul funk, e fazer todo mundo dançar e ser feliz.
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