Dona dos recordes: Beyoncé se torna a maior vencedora da história do Grammy Awards
Em edição dominada por mulheres, todos querem saber o segredo da cantora que domina as premiações
Com uma trajetória histórica, Beyoncé Knowles-Carter é pioneira em tudo que faz. E na 63° edição do Grammy Awards, maior premiação da indústria musical, ela deixou isso claro mais uma vez. Na cerimônia que aconteceu neste domingo (14), a cantora somou mais quatro estatuetas a sua coleção, totalizando 28, o que a consagrou como a artista feminina mais premiada de todos os tempos, ficando atrás apenas do maestro Georg Solti, com 31 vitórias.
Além de se tornar a maior vencedora, Beyoncé reitera sua posição como artista feminina com o maior número de indicações ao prêmio, sendo nove só neste ano, empatando com ninguém menos que Paul McCartney, também indicado 79 vezes ao Grammy. Em seu discurso, a Queen B exclamou:
"Como artista, acredito que faz parte do meu trabalho refletir a nossa época. Quis celebrar os reis e rainhas africanos que continuam a me inspirar".
E não podemos esquecer que, na verdade, a família Carter fez história. Blue Ivy, de nove anos, filha de Beyoncé e Jay-Z, venceu a categoria de Melhor Clipe com Brown Skin Girl (2019) - uma parceria com a mãe, Saint Jhn e Wizkid - se tornando a segunda pessoa mais nova a levar para casa uma estatueta. O primeiro lugar é de Leah Peasall, das irmãs Peasall, que ganhou o prêmio em 2000, aos oito anos, pela trilha sonora do filme E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?.
O peso de Bey no Grammy
Contudo, apesar de sua trajetória memorável na premiação, a valorização do trabalho de Beyoncé pela Academia de Gravação (The Recording Academy), responsável pela organização do Grammy, é um pouco problemática. Bey ganhou, em 2021, os prêmios de Melhor Performance R&B, Melhor Clipe, Melhor Música de Rap e Melhor Performance de Rap. E é justamente isso que causa questionamentos: as categorias que ela vence.
Atualmente, a premiação conta com 83 categorias, sendo quatro delas principais que não são definidas por gênero. São elas: Álbum do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Artista Revelação. Dessas, Beyoncé ganhou apenas uma, quando em 2010, Single Ladies (2008) foi premiada como Canção do Ano. E desde então, a cantora esteve presa a subcategorias de gêneros estrategicamente escolhidas para premiar artistas negros. O principal gênero que Bey é classificada é o R&B, mas ela também já recebeu prêmios em categorias do rap, pop e urbano.
Quando Lemonade (2016) — álbum que foi um marco na carreira de Beyoncé por discutir temas como preconceito racial e machismo, além de ser o mais aclamado pela crítica até hoje — não ganhou o Grammy de Álbum do Ano, entendeu-se que havia algo errado. Não com Beyoncé, mas com a Academia. Como Adele, a vencedora daquele ano pelo disco 25 (2015), exclamou depois: “Que porra ela tem que fazer para ganhar o Álbum do Ano?”
Queen B
Beyoncé, que já tem 24 anos de reconhecimento na indústria musical, sendo 18 de carreira solo, com um total de seis álbuns de estúdio, foi considerada a maior artista da geração pela revista Rolling Stone. Não é novidade para ninguém que Queen B está longe de ser só uma cantora. Ela também é compositora, atriz, modelo, dançarina, empresária, produtora, diretora e roteirista. Ou seja, uma artista completa. Prova disso é o Grammy que recebeu no ano passado por Homecoming (2019), documentário dirigido e roteirizado por ela, sobre sua apresentação no que ficou conhecido como "Beychalla", quando a rainha que conhecemos foi a primeira mulher negra a ser atração principal do Coechalla, festival que já tem mais de 20 anos.
Mas Homecoming foi só o primeiro de muitos que certamente virão. Black is King (2020) é a nova aposta cinematográfica da artista, um filme musical dirigido, escrito e com produção executiva da própria Beyoncé. O longa, que levou uma indicação ao Grammy esse ano, serve como um complemento visual do álbum The Lion King: The Gift (2019), que também conta com a curadoria de Beyoncé para o remake do filme O Rei Leão (2019).
Quebrando paradigmas não só na indústria musical como também no cinema, Bey segue acumulando recordes e sendo reconhecida como figura fundamental para o feminismo negro.
Leia também: Mana do Mês de Setembro: Beyoncé | Parte 1 e Parte 2
A grande pergunta é: como a artista com mais indicações e mais prêmios da história do Grammy Awards, com uma carreira lendária e repleta de relevância social, com uma absurda capacidade de se reinventar, nunca ganhou a categoria mais aclamada de Álbum do Ano? Eu respondo: a Academia é racista. O que também não deve ser surpresa para ninguém.
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