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Foto do escritorBeatriz Cardoso

Crítica: GOT the Beat tem bota preta e experimentações em "Stamp On It"

Depois de matarem o feminismo com Step Back um ano atrás, o GOT the beat está de volta com o seu primeiro mini-álbum, Stamp On It. Lançado nesta segunda-feira (16), o CD traz seis faixas para mostrar o talento das idols femininas da SM, como Karina (aespa), Seulgi (Red Velvet) e Hyoyeon (Girls’ Generation). O lançamento, que foi anunciado no evento de fim de ano da empresa, pegou o mundinho k-pop de surpresa, mas será que valeu a pena a espera (por um EP que ninguém pediu)?

Antes de tudo: o que é o tal do bota preta ali no título do texto? Não faço ideia de quem começou com essa gíria, mas ela se refere a conceitos femininos do k-pop mais maduros, com atitude de badass e letras empoderadas sobre você se achar um mulherão. Poderia ser um sinônimo do conceito girl power, mas a impressão que tenho é que o termo é usado mais em contextos para criticar justamente esse tipo de conceito.


A SM não costuma investir nessa estética (por mais que haja algumas tentativas de mulheres se posarem duronas, como a Hyoyeon com seu solo), então fãs da empresa em geral sentem falta do bota preta. Apesar de terem começado com o pé esquerdo com Step Back (que tem uma letra extremamente machista), o GOT the beat seguiu sua proposta inicial de empoderamento feminino agora, com o lançamento do seu primeiro mini-álbum.

Stamp On It é, logo de primeira, muito mais agradável do que Step Back jamais foi. O som industrial com repetições de synths continua, mas há muitos acertos na melodia. Um incômodo meu se manteve, porém: a ponte sobressaída que começa do nada. Se em Step Back BoA a anuncia com um sussuro de “bridge”, aqui ela só surge te socando na cara — mas até que você termina gostando quando ouve nas vezes seguintes, até por conta dos vocais poderosos de Wendy.


Goddess Level traz um saxofone ótimo no refrão e uma letra que é bota preta por tabela, fazendo jus à pegada do grupo. Ela é seguida por Alter Ego, que tem um ótimo começo e refrão, trazendo um lado mais de vulnerabilidade para o grupo ao cantarem sobre conhecerem outro lado seu. Aqui, especialmente, eu comecei a gostar da dobradinha Karina-Hyoyeon no rap — dupla essa que já estava sendo apresentada nas cenas do MV com interações riquíssimas.

Rose terminou sendo minha faixa favorita do EP. Apesar da metáfora batida de uma flor atraente com espinhos, a batida com sons distorcidos me pegou e os vocais de Karina e BoA estavam magníficos. Outlaw é uma música mais hip hop e os raps me pareceram forçados porque não fluiram bem. Mas eu preciso reconhecer que a virada de batida no refrão é muito satisfatória, por mais que eu não goste de versos gritados.


MALA fecha o EP com umas palavras aleatórias em espanhol no meio do coreano ao falarem (mais uma vez) sobre como elas são badasses (mas dessa vez é latina edition!). Mal ou bem, a música traz uma vibe mais alegre e tem uns silêncios interessantes, acompanhados de uma flauta legal, para encerrar o disco com um saldo positivo.


Amo uma rivalidade feminina

A SM anda numa onda de experimentações musicais com os grupos há um tempo já, tendo consolidado a imagem do NCT e do aespa com essa pegada. Confesso que, de primeira, não curti muito o rumo da empresa e cheguei a abominar o SuperM, irmão do GOT the beat, mas superei essa antipatia para dar uma chance a músicas que realmente valem a pena. Isso quer dizer que eu acho que Sticker é boa? Claro que não, porque aquela faixa é uma catástrofe. Mas consigo apreciar os sons crus de Obsession e, sim, o NCT acertou em algumas músicas.


Trazendo especificamente para o GOT the beat, senti essas músicas mais comerciais e aceitáveis do que a primeira. Considerando que Step Back foi adorada na Coreia, os produtores podiam muito bem ter aloprado e entregado algo tão abominável quanto, mas terminaram trocando o machismo da estreia do grupo por um bota preta mais desenvolvido, que é um conceito em falta na SM.


Então o veredito é: vou escutar Stamp on It sempre que quiser me sentir uma bela gostosa com vocais bons — porque esse último o BLACKPINK com certeza não consegue me entregar.




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