Crítica: 'X - A Marca do Mal' é a redenção do terror clichê
O número de informações que eu tinha sobre ‘X - A Marca da Morte’ quando entrei no cinema é inversamente proporcional ao quanto eu amei o filme. Basicamente o que me fez correr do trabalho para a sala de cinema foi saber que o longa era a mais nova empreitada da A24 – produtora que conquistou o coração de todos os cinéfilos alternativos com seus sucessos ‘Hereditário’ (2018) e ‘Midsommar’ (2019). Era de se esperar, entretanto, que ‘X’ traria a personalidade e a qualidade que são quase inerentes ao lançamento da A24.
Bem, o negócio mesmo é que o filme dirigido pelo Ti West (se você é fã de terror já deve ter visto o nome dele em algum lugar nas telas ou o próprio atuando) conseguiu me surpreender em praticamente todos os aspectos possíveis. Primeiro que a própria trama gira em torno de algo que, embora seja um clássico, nunca foi explorado de maneira tão evidente e tão sóbria ao mesmo tempo. A pornografia e o sexo são os assuntos que regem o filme em todos os momentos.
Você vai acompanhar um grupo de atores pornôs que vai gravar um filme em uma pequena fazenda do Texas. Óbvio que, por ser um filme de terror, eles escolheram como cenário uma casa super afastada de tudo, com anfitriões para lá de esquisitos e velhos. Outro clássico, né? Porém, todos esses pontos extremamente clichês são introduzidos pela cena inicial que mostra a mesma casa como palco de um massacre.
Essa pequena, mas muito importante inversão faz com que aquela parte normalmente vista como “tediosa” ganhe uma nova roupagem. As cenas vão se amarrando e tudo o que você se pergunta é quando chegará a hora da ação de verdade começar. Aprecie com moderação:
A ligação entre Maxine e Pearl
Eu não quero dar tantos spoilers, mas se você chegar na sala de cinema já tendo assistido o trailer, você vai saber que Maxine (Mia Goth) é a protagonista da história. Ela e a dona da casa, Pearl, desenvolvem uma relação medonha no começo do filme. A mulher, que vive isolada com seu marido, sente falta da juventude e vê em Maxine a sua própria imagem quando jovem.
Até aí, é difícil prever o que as cenas a seguir reservam. Acho que você pode esperar espíritos, demônios, aliens ou que for, mas a realidade ainda vai te surpreender. E, para aqueles que saírem da sala de cinema com um gostinho de quero mais, a A24 já divulgou o trailer de ‘Pearl’, filme que contará a história da velhinha quando ainda era jovem. Uma bala pra quem adivinhar que atriz irá dar vida a essa personagem….
Atuações incríveis e roteiro bem redondo
Todo filme que começa pelo final precisa ter um roteiro beeeeeeeeem redondinho, né? Correto! E ‘X’ ganha mais esse ponto. O filme não deixa nada faltando, a história vai acontecendo e, ao longo dela, você vai desencadeando informações importantes que te ajudarão a decifrar aqueles primeiros 3 minutos de filme.
E tudo isso, é claro, seria impossível sem um elenco bem construído. Encabeçado por Goth, o filme ainda conta com Jenna Ortega (a nossa futura Wandinha Addams), Brittany Snow (de A Escolha Perfeita), Kid Cudi, Martin Henderson e Stephen Ure. E esse mix, embora pareça maluco, é o que o filme precisava para que as personagens ganhassem vida e passassem quase a ser pessoas reais ali naquela grande tela.
Mas o filme é bom?
Na minha percepção, ‘X’ entrega tudo o que um bom filme de terror pode (e deve) entregar. Tem suspense, tem ação, tem uma história macabra, tem personagens medonhos e tem muito – mas muito mesmo – sangue.
Com certeza não é um filme levinho para quem está começando (embora eu não tenha achado a história pesada), mas ele é extremamente cru. Basicamente é um filme em que o diretor decidiu deixar todas as cenas em que possivelmente você daria aquela viradinha de cabeça ou fechadinha do olho. Está tudo ali, sem nenhum corte e nenhum artifício. As personagens sangram o quanto devem sangrar e morrem o quanto devem morrer.
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