"Condessa": primeiro EP de Ebony conta uma história que você vai querer escutar!
Nesta terça-feira (21) a artista carioca Ebony lançou o seu primeiro EP, Condessa (2020). Aposta do Rap Nacional, a cantora nascida e criada na Baixada Fluminense chamou atenção dos amantes do ritmo antes mesmo do lançamento de “Bratz”, seu primeiro single solo.
De lá para cá, os pedidos para que Ebony lançasse seu primeiro disco autoral faziam parte das redes sociais da cantora. E, ao que tudo indica, todos eles foram convertidos em stream já que o EP chegou a 100 mil acessos no Spotify um dia após o lançamento.
Com seis faixas, “Condessa” conta com a participação dos trappers Yunk Vino e Sidoka. Em entrevista para o Portal Rap Mais, a cantora falou um pouco mais sobre como surgiu essa parceria e como foram feitas as escolhas.
“A escolha foi baseada na idade, pois, pelo fato de sermos da mesma geração, eu senti que somos parecidos pela forma de conversar pessoalmente, por termos visto as mesmas coisas e os mesmos eventos históricos e passado. [...] Sou muito fã do Sidoka e do Vino, e acho isso muito importante para trabalhar com alguém”
A capa do EP é uma atração à parte, a ilustração do artista Calvets_arts contempla a ideia de Ebony de representar pessoas pretas como delicadas. O céu em tons de rosa com anjos pretos revela um lado da artista que ela deseja que seja visto pelos seus fãs e por quem acompanha o trabalho. Com certeza é uma forma de levar o público a pensar além dos estereótipos.
O EP começa com uma brincadeira. Ao cantar o refrão da faixa “Disco feat. Yunk Vino”, Ebony deixa bem claro que ela ouviu o apelo de todos em suas redes sociais. “Disco. Todo mundo quer que eu lance um disco”, embala a artista. Além de abrir álbum, essa canção também foi a primeira a ser escrita e, antes de entrar para a setlist, a cantora tinha presenteado Yunk Vino com essa composição.
Ainda bem que eles decidiram trazer essa música pro álbum! Com um beat bem marcado e dançante, a parceria da dupla no vocal trouxe um dinamismo para a música e criou uma “conversa” cantada que destaca a qualidade da composição.
A segunda faixa do álbum traz um toque mais romântico. “Lipstick” fala sobre lutar por amor. Mas se engana quem pensa que a letra fala somente do lutar “por alguém”, a composição explicita que a principal busca é pelo amor, de qualquer forma.
Essa foi uma das composições que eu mais gostei no EP. A faixa, que pode ser considerada uma “música de amor”, tem um ritmo mais calmo e escancara algumas emoções bem comuns para quem está apaixonado.
O primeiro verso, “Você tem música em você, eu ouvi daqui”, descreve bem aquela fase de um relacionamento em que você consegue sentir a pessoa e que acha que é 100% capaz de a encontrar no meio de uma multidão! Alguém mais se identificou aí?
A faixa “Paris” traz mais reflexões sobre relacionamentos e abordam, principalmente, as brigas e desentendimentos que podem acontecer. A composição descreve a briga entre egos e destaca esse traço de personalidade que pode gerar discussões em um relacionamento. O nome da canção não poderia ser mais irônico, não é mesmo?
A canção “Flat feat. Sidoka” mostra um ângulo diferente sobre relacionamentos. A música, diferente das últimas citadas, possui uma letra mais leve, crua e sincera que descreve situações cotidianas da vida de rappers e trappers. Na minha visão, a melodia, que no álbum está localizada entre as faixas “Paris” e “Bourbon”, também exemplifica os altos e baixos de uma relação.
“Bourbon” aborda questões envolvendo relacionamentos tóxicos. A metáfora proposta pela letra, compara o consumo exagerado e a dependência de álcool com a construção de uma relação destrutiva. A faixa mostra essa dualidade entre a vontade de se livrar dessas situações e a dificuldade em se livrar das amarras.
A última faixa, “Bugatti”, é o encerramento da história contada no álbum. A composição descreve momentos de mais confiança e segurança nas escolhas e, quem sabe, uma pitada de autoconhecimento e empoderamento.
As faixas do “Condessa” são extremamente conectadas, elas contam a mesma história com início, meio, fim e uma cena pós-crédito que deixa muita coisa em aberto para uma continuação. Aliás, eu não poderia estar mais ansiosa para acompanhar os próximos passos da carreira da cantora.
O EP entrega tudo aquilo que os fãs esperavam com muita dedicação e maturidade. E, para quem ainda não escuta Rap/Trap e chegou de paraquedas nesse post, vale a pena conferir todos os trabalhos da Ebony. Tenho certeza que você, assim como eu, vai se surpreender com a complexidade que as músicas entregam.
Ouça o EP “Condessa” completo:
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