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Foto do escritorFilipe Pavão

10 artistas para celebrar o Dia da Mulher Sambista

As mulheres sempre estiveram presentes na cultura do samba, mas por detrás dos holofotes e dos palcos. Elas sempre marcaram presença na cozinha das escolas de samba e nas letras sendo musas inspiradoras. No entanto, as composições, melodias, o palco e, principalmente, as rodas de samba eram “coisas de homem”.


Para mudar essa situação, mulheres vanguardistas pediram licença, abriram caminhos e conquistaram os palcos e rodas com muita persistência em uma luta que perdura até os dias de hoje. Por isso, desde 2019, utiliza-se o dia 13 de abril, data de nascimento de Dona Ivone Lara, para reafirmar conquistas e mostrar que a mulher também ocupa o território do samba.


Agora, vamos homenagear 10 nomes de mulheres potentes da música brasileira. Desde as vanguardistas Clementina, Jovelina e Dona Ivone até Teresa Cristina, Mart’nália e Maria Rita que seguem utilizando da música para evidenciar a resistência periférica, a vida dos negros, as religiões de matriz africana e, claro, entreter milhares e milhares de pessoas nas rodas de samba.


1) Dona Ivone Lara


O Dia da Mulher Sambista em homenagem à Dona Ivone Lara não é mera casualidade. A artista, que nasceu em 1921 e faleceu em 2018, é considerada a precursora feminina na composição dentro do gênero. Foi com o samba “Os cinco bailes da história do Rio” (1965), que ela se tornou a primeira a integrar a ala de compositores de uma escola de samba, na escola Império Serrano, onde desfilava na ala das baianas.


Mas não pense que ela começou a compor tarde, Dona Ivone escreveu seu samba pela primeira vez somente aos 12 anos, a linda “Tiê”. Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte gravaram suas músicas.


2) Clementina de Jesus


A sambista fluminense Clementina de Jesus (1901 – 1987) tinha voz grave inconfundível que mostrava todo peso de sua ancestralidade. Filha de lavadeira e capoeirista, herdou importante herança do gingado africano e sincretismo religioso afro-brasileiro. A Rainha Quelé foi empregada doméstica durante quase toda vida, pois só foi descoberta na década de 60. Mesmo assim, lançou 11 álbuns.



3) Jovelina Pérola Negra


Jovelina (1944 – 1998) tem trajetória parecida com a de Clementina, de quem herdou fortes influências. Foi empregada doméstica e só começou a cantar profissionalmente tarde, somente aos 40 anos. Lançou seu primeiro disco em 1985, ganhando o apelido de “Pérola Negra” pela voz encorpada e tom reluzente de sua pele. Já recebeu homenagens de Alcione, Maria Bethânia, Negra Li e diversos outros nomes da música brasileira.


4) Leci Brandão

Carioca nascida em 1944, Leci Brandão é cantora, compositora, percussionista e deputada estadual, pelo PCdoB, em São Paulo. Foi a primeira mulher a compor um samba para a Mangueira. Sua arte vai além do prazer de se ouvir um bom samba, pois nos proporciona importantes reflexões. Zé do Caroço, que já foi regravado por Anitta e Mariana Aydar, é um grande exemplo ao questionar questões sociais.


5) Clara Nunes


Clara Nunes (1942-1983) é uma das personalidades mais marcantes da história do samba e que fica para a posteridade da música nacional. Ganhou visibilidade no país nos anos 70 ao levantar debates sobre o preconceito étnico-racial e a intolerância religiosa em plena Ditadura Militar. Em 2019, foi homenageada pela Portela na Marquês de Sapucaí.


6) Beth Carvalho


A eterna madrinha do samba, Beth Carvalho, nos deixou em 2019 aos 72 anos de idade, mas permaneceu seu grande legado de amor à música e ao samba. Beth revelou e amadrinhou artistas do naipe de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão. Segue viva no cancioneiro nacional ao ter imortalizado sucessos como "Andança" e "Coisinha do pai".


7) Alcione


“Do Maranhão para o mundo” poderia ser o lema dessa grande dama do samba. Nascida em 1947, a Marrom é um dos nomes consagrados da música brasileira no exterior. A voz e presença marcante nos palcos de Alcione são apenas algumas características de quem consegue manter o sucesso após 45 anos de carreira. Já lançou mais de 40 trabalhos fonográficos e hits, como “Não deixe o samba morrer” e “Você me vira a cabeça”.


8) Teresa Cristina


Nascida em 1968, Teresa fez sua fama primeiro pelos bares da Lapa, no Rio de Janeiro. Mas, em seguida, ganhou reconhecimento nacional ao interpretar grandes nomes da boemia brasileira. Já lançou trabalhos com músicas de Candeia, Nelson do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Chico Buarque e Cartola, além de outros autorais.


9) Mart’nália


Mart’nália leva o samba no sangue e a “carioquice” em seu canto rouco inesquecível. A filha de Martinho da Vila completa 55 anos de vida e 33 de uma carreira sólida em 2020. Mart’nália, que também é instrumentista e atriz, já gravou várias trilhas de novela, como “Pra que chorar?” para a trama “Babilônia”.


10) Maria Rita


Maria Rita também leva a música no sangue. A filha de Elis Regina é considerada uma das principais vozes da música brasileira atualmente, cantando o amor e questões ligadas à religiosidade. É ganhadora de 8 estatuetas do Grammy Latino, principal premiação de música na América Latina.



Bônus – Paula Lima e Dona Ivone Lara


Um dos principais nomes da soul music brasileira, Paula Lima já revelou em diversas entrevistas que Dona Ivone Lara foi a primeira a pedir que ela gravasse um disco de samba, o que aconteceu em 2014. Antes disso, no ano de 2008, Paula já havia convidado Dona Ivone para seus grande sucessos em um DVD.



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